Afonso Antunes, de 16 anos, que reside na zona oeste, foi fundamental para Portugal alcançar o maior número de pontos de sempre na prova e segue as pisadas de Tiago Pires e Vasco Ribeiro, antigos medalhados nesta competição.
Afonso Antunes cumpriu as expectativas que o rodeavam à partida para o Mundial de Juniores de Huntington Beach, na Califórnia (EUA), conquistando a medalha de bronze do escalão sub-16. Feito que, a par do 9.º lugar de Mafalda Lopes (sub-18 feminino) e o 10.º posto de Guilherme Ribeiro (sub-18), ajudou sobremaneira a Seleção Nacional a alcançar um histórico sétimo lugar, com o maior número de pontos alguma vez alcançados por Portugal nesta competição.
Porém, não foi uma caminhada fácil para Afonso Antunes. Depois de ter sido relegado para as repescagens, o filho do antigo campeão europeu João Antunes teve de passar dois heats de repescagens para chegar à final das medalhas.
Na finalíssima, o havaiano Jackson Bunch não deu qualquer hipótese à concorrência, “inventando” uma onda de 9 pontos logo na primeira investida da bateria, juntando-lhe depois, já no final, mais um aéreo que lhe valeu um 8.00. Pelo meio, ainda descartou um 7.33 e terminou com um total de 17.00 pontos.
Os outros três surfistas, onde se incluíam, além de Antunes (10.50), os norte-americanos Taj Lindblad e Ryan Huckabee, nunca tiveram a sorte de apanhar ondas daquela qualidade e pareciam estar a surfar outra bateria, noutro oceano qualquer, pelo que disputaram os outros lugares do pódio, com Lindblad (10.53) a garantir a prata e Huckabee (9.46) o cobre correspondente à quarta posição.
No final, o Selecionador Nacional David Raimundo fez um balanço obviamente positivo da participação nacional: “Chegou ao fim um campeonato que foi uma ultramaratona, mas na qual conseguimos alcançar os nossos objetivos, nomeadamente, trazer uma medalha e melhorar a posição do ano passado [11.º], sendo que chegámos muito, muito perto de romper o ‘top 5’ naqueles que foram, sem dúvida, os Mundiais Juniores mais disputados de sempre.”
Quanto ao herói do derradeiro dia, Afonso Antunes, a alegria misturava-se com a frustração de não ter conseguido a medalha mais desejada: “As minhas expectativas eram mais altas do que uma medalha de bronze, gostava de ter ganho o ouro, mas não consegui encontrar-me com o mar. Mas é claro que apesar de estar um bocadinho frustrado, estou muito contente com o resultado.”
Confrontado com a herança histórica de antigos medalhados em Mundiais de Juniores, como foram Tiago “Saca” Pires ou Vasco Ribeiro, o jovem surfista luso confessou: “É uma honra estar em tão boa companhia e um orgulho estar a esse nível. É uma motivação muito grande, mas sei que tenho de ir com calma. Para o ano, quero começar a correr o circuito de qualificação mundial [WQS] mais a sério mas sempre a par dos Pro Junior. Quero levar a minha carreira com calma, sem precipitações.”
Parabéns ao Afonso. E parabéns, claro, à Seleção Nacional pelo incrível desempenho!