Após uma semana de muito surf e competição, a Praia do Mirante proporcionou no passado sábado ondas fantásticas e as condições adequadas para o grande final do Santa Cruz Eurosurf 2019 – evento inserido no programa do Festival Ocean Spirit que acontece em Santa Cruz, Torres Vedras, desde 2007.
A ronda competitiva começou às 9h45 com a seleção portuguesa a liderar a tabela coletiva e, por isso, detentora de toda a legitimidade no objetivo principal que se prendia na renovação do título absoluto. No entanto, os italianos mostraram-se em grande forma e estragaram a festa aos portugueses.
No primeiro Heat do dia uma baixa para a seleção lusa. Inês Martins, em Longboard Feminino, ficava em quarto lugar, meio perdida nas águas de Santa Cruz, e dizia adeus à competição.
Depois foi a vez de Pedro Henrique ficar arredado da luta pelas medalhas. O surfista português falhou a qualificação à final, ficando atrás do sueco Kian Martin e do galês Jay Quinn. Um duro golpe nas aspirações da equipa lusa que assim viu a sua situação ficar mais complicada.
Com a chegada da primeira final do dia, a de Longboard Masculino, Portugal já só tinha dois atletas em prova: João Dantas (Longboard) e Eduardo Fernandes (Surf). Porém, nada estava perdido.
João Dantas abriu as hostilidades como um autêntico campeão, com ondas de 6,15 e 8,00 pontos, o que lhe permitiu ficar a liderar até poucos minutos de soar a buzinadela. No entanto, ao registar a melhor onda da final, 8,15 pontos, o italiano Federico Nesti assumiu o controlo do Heat para nunca mais o largar. A derradeira onda surfada pelo português ainda deixou o público com uma réstia de esperança, mas acabaria por sair curta. Dantas registou 6,30 pontos, mas precisava de 6,66… Portanto, ficou a uns escassos 0,36 da vitória (14,65 vs. 14,30 pts).
Com a realização da segunda final do dia, a de Longboard Feminino, veio o segundo balde de água fria para Portugal. Sem qualquer representante presente, bastava agora esperar que a atleta do principal concorrente não vencesse. Aconteceu precisamente o oposto.
Com a sua última onda (7,00 pontos) Francesca Rubegni dava lugar a um volte-face inesperado. Mudou o cenário da bateria, avançou para primeiro lugar e sagrou-se campeã europeia da disciplina. Era o terceiro título que ia para Itália depois de Claire Bevilacqua ter vencido o Surf Feminino na quarta-feira (com a portuguesa Francisca Veselko em 2.º lugar).
Já só restava o Surf Masculino e tudo dependia agora de Eduardo Fernandes. O único português presente na final da categoria mãe que esteve simplesmente irrepreensível ao longo da semana, refira-se, vencendo de forma inequívoca todos os confrontos em que participou.
Na final a história foi outra. Eduardo terminou em terceiro e esteve praticamente arredado da luta pela medalha de ouro nos últimos 15 minutos. Venceu Jay Quinn (País de Gales), pela segunda vez consecutiva na carreira, com um score quase perfeito – 17,50 (7,35 + 9,80), apesar dos vários ameaços feitos pelo alemão Leon Glatzer que, com um fantástico air reverse (7,75 pts), esteve muito perto de mudar o rumo da situação.
Coletivamente, Itália ficou com o ouro e tornou-se a nova campeã europeia, um feito nunca antes visto, absolutamente inédito. Portugal terminou a sua prestação no segundo lugar, enquanto a Alemanha e a Inglaterra fecharam as contas do pódio ao ficar na terceira e quarta posição, respetivamente.
Para Marco Gregori, selecionador e capitão da Squadra Azzurra, vencer em Santa Cruz foi como um sonho tornado realidade: “Para um país como o nosso, sem boas ondas, este momento é incrível, é mesmo um sonho. Escrevemos a história da Federação Italiana de Surf, ao sermos pela primeira vez campeões europeus. Durante esta semana, as ondas estiveram boas, mas as circunstâncias foram difíceis devido às constantes mudanças das condições do mar. A equipa italiana é realmente sólida e adaptou-se à estratégia e às táticas necessárias para esta competição. O nível das outras equipas era altíssimo, cada um dos países era muito forte, tendo a grande maioria muito mais experiência que nós”.
Após o momento de consagração, o selecionador italiano deixou ainda uma mensagem de agradecimento: “Quero agradecer à organização do Festival Ocean Spirit, à Federação Europeia de Surf e aos juízes pelo excelente trabalho desempenhado”.
No Eurosurf 2019 foram realizados 126 Heats e foram surfadas 2416 ondas. Desse total, 18 receberam notas na casa da excelência (8,01 a 10 pontos), 135 foram consideradas boas (6,01 a 8 pontos) e 417 médias (4,01 a 6 pontos). A melhor onda coube a Jay Quinn (9,80 pontos num máximo de 10) e a melhor pontuação a Federico Nesti (18 pontos num máximo de 20 possíveis).
Relativamente às outras modalidades presentes no Ocean Spirit 2019, eis os resultados:
Internacional de Skimboard, 20 e 21 de julho
Sub 14 – Alejandro Montañes Baena (Espanha)
Sub 18 – Rafael Ruivo (Portugal)
Seniores – Zachary Wicks (Portugal)
Open Feminino – Júlia Espinosa (Espanha)
Open Masculino – Juanlu Gonzalez (Espanha)
Masters of the Universe – Hugo Santos (Portugal)
4.ª etapa do Campeonato Nacional de Bodysurf, 21 de julho
1.º lugar Open – Rodrigo Carrajola
1.º lugar Júnior – Jaime Bonito
Sessão de Kayak & Waveski, 27 de julho
Melhor Clube – Clube Fluvial de Coimbra
Melhor Rookie – Bernardo Pedrosa
Melhor Wipeout – Ricardo Ribeiro
Melhor Onda – Diogo Melo