Numa sexta-feira de regresso ao passado (flashback), resolvemos atualizar um artigo publicado em abril do ano passado.
É oficial. Santa Cruz já é um surf destination. São cada vez mais os surfistas que vêm dos quatro cantos do mundo para surfar as ondas deste nosso canto do oeste português. Sabemos que não é fácil lidar com o nosso microclima e também sabemos que o nosso mar é para duros. Talvez por isso, nos três últimos anos, a nossa praia tenha sido escolhida para acolher uma prova do circuito mundial de qualificação da World Surf League (WSL), a liga mundial de surf.
O que começou por ser apenas um campeonato de 1000 pontos (para os que não estão a par, a WSL tem provas com 1000, 1500, 3000, 6000 e 10000 pontos), há dois anos passou a valer 3000 pontos, tendo por isso a graduação QS3,000. Isto são sempre boas notícias para Santa Cruz uma vez que a subida de estatuto atrairá mais pessoas, público e também os melhores surfistas do globo.
Pelas ruas da vila, o ano passado, foi visível a agitação, além de se cruzarem muito facilmente com alguns atletas, como Robertson Gonçalves (que representou a Associação Sealand através de wildcard), Frederico Morais, Tiago Pires, Eduardo Fernandes, Nic von Rupp, Tomás Fernandes, Afonso Antunes, Miguel Blanco, Luís Perloiro, ou até mesmo os brasileiros Wiggolly Dantas, Jadson André, Miguel Pupo, ou mesmo os franceses Juan Duru e Maxime Huscenot, entre tantos outros.
Alguns dos atletas que nos visitam já estão bastante familiarizados com o “Santa Power”, outros experimentaram-no pela primeira vez, mas pelo que nos foi dado a assistir todos se aguentaram bem firme. Não é o caso de Tiago Pires, que mora aqui ao lado, na Ericeira, e desde há muito que vem apanhar umas ondas em Santa Cruz, ou de Frederico Morais, que nesta mesma praia já conseguiu um fantástico terceiro lugar [na prova de 2017].
“Já fui muito feliz aqui [risos]. Santa Cruz é um sítio que adoro. Por norma, sempre que estou em casa, venho treinar aqui. É um sítio mais resguardado, não tem tanta gente e dá para estarmos mais sossegados dentro de água”, contou-nos em conversa.
Na altura, Kikas, como os portugueses o tratam, mostrou-nos que continua o mesmo miúdo adorável e humilde que corria as provas do circuito nacional de surf português. Frederico era pouco mais novo que alguns dos jovens surfistas da Associação Sealand quando apareceu pela primeira vez na televisão e disse que ainda íamos ouvir falar dele. Bela profecia.
Quando lhe perguntámos se achava que estava a inspirar os nossos atletas, sem qualquer demora, disse-nos que sim. “Se de alguma forma, com o meu sonho e com as coisas que faço, puder inspirar seja surfistas, seja outras pessoas com os trabalhos ou no seu dia-a-dia, então aí o meu sonho está mesmo realizado porque esse é o objetivo. Claro que obter resultados é maravilhoso, mas são melhores quando conseguimos partilhar com alguém e se conseguirmos partilhar esse sonho e essas ambições com outras pessoas de forma a também inspirá-las, isso é brutal.”
Nesse mês de abril de 2018, Frederico Morais despediu-se de nós com um até já.
“Sempre fiz questão de vir competir a Santa Cruz e sempre que houver oportunidade de competir em Portugal quero continuar a fazê-lo.”
Por si só isto é um sinal claro que podemos voltar a vê-lo a surfar nas nossas águas já no próximo mês de abril, entre os dias 8 e 13, uma vez que a 4.ª edição do Pro Santa Cruz 2019 está mais do que confirmada. Sê sempre bem-vindo, Kikas!
Historial
O japonês Kanoa Igarashi venceu a última edição da prova, realizada em abril de2018, enquanto que o uruguaio Marco Giorgi, que encantou a comunidade local, levou de vencida a edição 2017. Na prova inaugural, em 2016, foram os espanhóis Andy Criere e Garazi sanchez-Ortun que subiram ao lugar mais alto do pódio.