Representantes de mais de 180 países reuniram-se até ontem em Genebra (Suíça) para debater mais proteção para espécies vulneráveis, designadamente a alteração dos níveis de proteção de espécies como a girafa, o elefante e numerosos répteis.
A conferência mundial sobre o comércio de fauna e flora ameaçadas, conhecida como CITES* (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), acontece a cada três anos e visa garantir que o comércio global não compromete a sobrevivência de animais e plantas selvagens.
“Continuar como antes já não é opção”, afirmou a secretária-geral da CITES, a panamiana Ivonne Higuero, no início da 18.ª conferência, alertando que “o perigoso declínio da natureza não tem precedente”.
A reunião de Genebra realizou-se três meses após o primeiro relatório global da ONU sobre biodiversidade, que avisou para o risco imediato de extinção de mais de um milhão de espécies de plantas e animais.
Mais de 3 mil especialistas, ambientalistas e responsáveis políticos dos 183 signatários da CITES — 182 Estados e a União Europeia (UE) — debateram 56 propostas de alteração dos níveis de proteção, uma das quais relativa ao elefante africano, espécie que passou de vários milhões de exemplares em meados do século XX para cerca de 400 mil em 2015.
Sobre a captura de elefantes selvagens para fornecer zoológicos, apesar dos diferendos entre os defensores das restrições e países que são contra, como o Zimbabué, que obtêm receitas significativas com aquela atividade; a CITES acabou mesmo por aprovar uma nova resolução que proíbe a exportação de elefantes selvagens para fora de África e limita a sua captura e comércio a situações em que são destinados a programas de conservação na própria região onde são capturados ou para relocalização em áreas seguras onde possam continuar a viver como animais selvagens.
A conferência também definiu que o comércio de girafas tem de ser controlado para evitar excessos que coloquem em causa a sobrevivência da espécie – cuja população mundial foi reduzida entre 36% a 40% nos últimos 30 anos.
A CITES proibiu igualmente o comércio de todas as espécies de lontras de garras lisas e pequenas garras da Ásia; bem como de várias espécies de tartarugas, lagartos e lagartixas que estão em risco devido ao crescente comércio de animais exóticos para serem vendidos como animais de estimação.
No domínio dos animais felinos, os países criaram uma força-tarefa a fim de se melhorar a fiscalização, combater o comércio ilegal destes animais e promover a colaboração na conservação de tigres, leões, chitas, onças e leopardos.
Além disso, foram alteradas regras comerciais para dezenas de espécies selvagens ameaçadas pelo comércio ligado à exploração, pesca ou caça excessiva. Entre essas espécies, estão peixes e plantas com valor comercial, mamíferos, anfíbios e répteis vendidos. No total, foram consideradas 56 propostas abrangendo 36 mil espécies.
Assim, também foram acrescentadas à lista da CITES mais 18 espécies de tubarões, cuja venda passa a ficar sujeita a quotas comerciais.
Na reunião foi ainda destacado o comércio de árvores de madeira tropical, outro mercado de espécies selvagens de alto valor comercial. Por isso, ficou determinado que é preciso obter licenças de comércio para madeira prensada e outras formas de comercialização de todas as espécies de cedro da América Latina.
*A CITES protege cerca de 36.000 espécies animais e vegetais do mundo, 900 das quais estão incluídas no apêndice 1, que proíbe totalmente o seu comércio, dispondo de um mecanismo que permite aplicar sanções aos países que não respeitem as regra.